segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CONSTRUINDO O TELHADO - Primeira etapa.




Depois que eu desmanchei o telhado da casa do João, que estava em parte errado, eu me encontrava no Rio quando ele ligou dizendo que tinha encontrado uma árvore na mata e que daria pra cortar e fazer o madeiramento do telhado. No mês seguinte parti para a aldeia e focamos nesse propósito. A árvore já estava caída a mais de um ano, isso foi bom porque assim a madeira curtiu por si mesma e não empenaria quando estivesse no lugar.





Logo de cara tivemos um problemão com a Moto-serra, o filtro não estava fazendo seu trabalho direito e a areia estava passando, com isso ela não funcionava. O que era pra ser um dia, levou quatro.




Para as crianças (filhos do João) tudo era festa e motivo pra brincadeiras, mas para nós a coisa era mais seria e diante das primeiras dificuldades estavamos tentando achar uma solução para resolver o problema.


Quando tudo foi solucionado e a madeira toda cortada, retiramos ela da mata e partimos para nosso objetivo principal. Inicialmente muitos olhavam com olhares de duvidas e outros até desejavam que desse errado, afinal quando cheguei e percebi que parte do telhado estava errado eu mesmo com a permissão do João o desmanchei e com isso arrumei desafetos no sentido de que o que eu fizesse desse errado. Mas eu sabia que o tempo iria mostrar a esses que eu estava certo e que o objetivo era só o de trazer benefícios a todos.








Retirei toda a madeira roliça, pois essa começava com uma espessura e terminava com outra o que não ia dar certo. Substitui pela madeira que retiramos da mata.




















Eu e João trabalhávamos diante de uma plateia de índios que estavam envolvidos na primeira ideia de construção. Eles não entendiam onde erraram pra que eu pudesse desmanchar o que eles fizeram, mas quando as primeiras telhas subiram ai sim eles puderam compreender que as telhas teriam de estar em uma linha reta e plana e não sobre madeiras roliças que estavam em formato desigual. Então puderam perceber e entender o que eu estava dizendo, assim todo o desconforto foi dissolvido e risos começaram a surgir de seus rostos. A ideia é que eles pelo menos pudessem absorver o que estavam vendo em futuras construções.






Já que tinham o Motor-serra porque não aparelhar as peças de madeiras que seriam os caibros pra sustentação do telhado? Descobri que eles não gostam de que um estranho chegue de repente e comece a lhes ensinar, muitos não dão nem atenção, mas João foi me orientando sobre os modos e então passamos a não falar e sim demonstrar na pratica como tudo seria.




João é um índio além do seu tempo. Ele ouve, gostar de aprender, quer saber das coisas e tem vontade de realizar. Sua primeira atitude plausível foi a de me dar esse crédito peitando a todos que estavam envolvidos no projeto anterior que era a construção de sua casa no modelo pau a pique. No inicio ele não entendeu nada, mas fui pra casa e desenvolvi uma maquete de uma casa feita de tijolo de barro, quando ele viu a maquete seus olhos brilhavam, queria porque queria ter uma casa daquele jeito.Para mostrar a todos que era possível a realização ele foi o primeiro a encarar as dificuldades. Obviamente que o projeto levaria tempo pois ele só seria desenvolvido em meus momentos de folga ou de algum esforço extra para estar ali levando o sonho da casa ecologicamente correta e assim evitando o desmatamento. Não temos até hoje uma ajuda externa e tudo sai de meu bolso e de contribuições que peço a amigos de minhas redes sociais.









Muitos perguntam o porque de eu ter começado pelo telhado e não pelos tijolos. A resposta é bem simples. Quando lá cheguei a estrutura já estava pronta, o que fiz foi somente uns acertos, mas por outro lado isso acabou nos beneficiando porque na região chove bastante e quando não chove garoa e eu precisava de um espaço coberto pra fazer os tijolos e isso de certa forma nos beneficiou.






Guilherme JaberPostado por Guilherme Jaber

Neste blog mostro um pouco de meu trabalho voluntário que faço na Aldeia de Brackuy em Angra dos Reis com índios da etnia Guarani Mibia. Meu trabalho consiste em ensinar a eles maneiras alternativas de construção de moradias sem agredir o meio ambiente. Para mais detalhes sobre esse trabalho... Entre em Contato
indiosdeangra@hotmail.com

Obrigado


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